Ambientes Marinhos

Os ambientes de Costão Rochoso são ambientes relacionados a afloramentos de rochas magmáticas, que normalmente ficam expostas na interface entre o mar e a terra. Sobre essas rochas, extremamente resistentes, se fixam tanto algas como animais. Como outros ambientes nessa interface, as regiões mais próximas a superfície são sujeitas as variações de marés. Nessa faixa, denominada zona de marés, os organismos ficam expostos quando esta está baixa. As regiões mais profundas são denominadas Infralitoral, onde esses organismos nunca ficam sujeitos a esse tipo de estresse. Os costões rochosos ocorrem de forma esparsa ao longo de toda o litoral Atlântico da América do Sul, mas tem maior extensão no litoral sudeste do Brasil, no litoral sul da Argentina e nas Ilhas Oceânicas de forma geral, com fisionomias variando bastante em função das condições locais. Como os demais ambientes, tem importância ecológica por sua biodiversidade, como produtores primários e econômica principalmente pela ocorrência de peixes. Entretanto, a pesca, seja tradicional, com redes ou submarina tem impactado fortemente esses recursos, inclusive ameaçando muitas espécies de extinção.

Os ambientes denominados Recifes de Arenito ocorrem paralelamente a costa, sendo formados por rochas sedimentares com origem a partir de sedimentos arenosos. Entre eles e a praia, frequentemente delimitam lagoas protegidas do embate direto das ondas, onde a água fica retida durante a maré baixa. Embora apresentem condições similares aos costões rochosos, a rocha menos resistente tende a formar mais cavidades, apresentando maior heterogeneidade espacial. Ocorrem com grande frequência no litoral brasileiro a partir do litoral do Estado do Espírito Santo e em toda a costa nordeste. Como os demais ambientes, tem importância ecológica por sua biodiversidade, como produtores primários e econômica principalmente pela ocorrência de peixes. Tem importância relacionada a pesca e ao turismo, que são os maiores fatores que impactam esses ambientes.

As Praias de Cascalho são habitats ocorrem sobre rochas magmáticas de tamanho médio (5-65 mm), normalmente esféricas ou fusiformes, que cobrem praias, cuja zona inferior fica coberta durante a maré alta e exposta durante a maré baixa. Sobre esses seixos soltos ocorrem animais e algas que, com suas estruturas de fixação acabam formando uma rede, que une a todos, conferindo estabilidade e formando um novo ambiente. Como a fragmentação dessas rochas ocorreu a partir da movimentação de geleiras durante as eras glaciais, esses ambientes são característicos a partir do sul da Argentina.

Bancos de Rodolitos são ambientes exclusivamente marinhos, nunca sequer ficando emersos, ocorrendo sobre a extensa plataforma continental brasileira. São relacionados a algas calcificadas, cujo crescimento forma lentamente estruturas fusiformes, que parecem pequenas "pedras" rosadas, onde apenas a parte superficial, com essa cor, é viva. Essas estruturas são os Rodolitos. Sobre eles ocorrem outras algas e animais, formando uma floresta em miniatura que serve de alimento a peixes ou a crustáceos como a lagosta. Os Bancos de Rodolitos ocupam uma área gigantesca, equivalente a vários estados, cobrindo grande parte da plataforma continental, especialmente ao norte do Espírito Santo. Tem grande importância ecológica, como alimento, refúgio e local de reprodução de muitas espécies. Também tem um papel vital na regulação da quantidade de carbono disponível na atmosfera. É também muito importante em termos econômicos, dependendo dele parte significativa dos alimentos marinhos que consumimos.

Um ambiente exclusivo de águas frias é aquele estruturado por algas gigantes, chamadas Kelps, que rivalizam em tamanho com as árvores, formando florestas submarinas. Por esse motivo são chamados de Bosques de Kelps. Essas algas, com dezenas de metros de comprimento, ficam fixas no substrato rochoso, se mantendo eretas com o auxílio de flutuadores gasosos. Servem como alimento e abrigo para inúmeros animais, que vivem entre elas ou sobre elas. Peixes, ou animais de grande porte, como o lobo marinho, nadam no interior dessa floresta. Outros organismos, como caranguejos gigantes ou ouriços as utilizam como substrato. Ocorrem principalmente na região subantártica chilena, onde ocupam baías inteiras e canais formados durante as eras glaciais. Ocorrem, embora com densidades muito menores, na plataforma continental do Estado do Espirito Santo, Brasil, em profundidades acima de 50m, associadas a ACAS, corrente fria de profundidade que ocorre naquela região. Tem grande importância ecológica devido a sua grande biodiversidade e alto nível de endemismo. como sumidouros de carbono, sendo ambientes ainda muito conservados. Entretanto, por sua dependência de águas frias, estão sendo severamente ameaçadas pelo aquecimento global. Tem grande importância econômica na região do Chile, sendo onde crescem a Centolla, caranguejo gigante que é o principal pescado da Região de Magallanes.

Os Manguezais estão entre os ambientas que ocorrem na interface com o meio terrestre. São constituídos, na América do Sul, por locais com aporte de água doce, como a desembocadura de rios, formando um substrato constituído por partículas muito finas, com rica deposição de matéria orgânica. Ali crescem algumas poucas espécies de árvores e gramíneas adaptadas ao substrato lodoso instável, com grande atividade de bactérias decompositoras, que reduzem a quantidade de oxigênio. Também é importante a variação de salinidade, alta durante as marés mais elevadas e baixa quando a maré desce. Sobre o tronco e raízes dessas árvores se fixam algas e animais marinhos. No substrato lodoso se refugiam diversas espécies, dentre as quais os caranguejos, que são de grande importância econômica. Os manguezais ocorrem desde desde Santa Catarina até a Colômbia, com árvores maiores nas regiões mais ao norte, onde ocorrem como extensas florestas. Esse ambiente tem grande importância, por exemplo, como local de refúgio, alimentação e reprodução de diversas espécies marinhas. Também é importante em relação as mudanças climáticas globais, atuando como sumidouro de carbono.

O ambiente de Praias Arenosas está relacionado a grãos entre 64 micrômetros e dois milímetros de diâmetro, frequentemente alagados durante as marés altas. As condições para a vida ali são extremas, devido a exposição ao ar durante a maré baixa, a alta salinidade e a dificuldade de fixação de organismos em um substrato móvel. Por isso, sua superfície é deserta, Entretanto, logo abaixo existe um ecossistema oculto, onde os organismos se nutrem principalmente pela filtração de partículas orgânicas da água, como é o exemplo dos poliquetas e de muitos moluscos.. Esses e outros organismos vivem em tubos, que são construídos moldando e aderindo partículas de areia com suas secreções. Em termos ecológicos, são importantes como fonte de alimento, por exemplo para peixes locais ou de passagem, que se alimentam dos organismos que saem do substrato da areia durante a maré baixa. As praias arenosas tem grande importância no turismo, o que resulta em grandes impactos, como pela remoção e revolvimento da areia, pelo uso de seus organismos como iscas para a pesca, ou pelo esgoto que provêm dos assentamentos urbanos.